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Viver ou Existir?

  • Foto do escritor: essencia almente
    essencia almente
  • há 4 dias
  • 2 min de leitura
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Um corpo nasce preparado para sentir, mas não nasce a saber o que fazer com aquilo que sente.

Para que a emoção se torne experiência humana, é preciso que exista alguém que a acolha.


Na psicanálise, dizemos que o sujeito se constitui na relação com o Outro.


No filme Frankenstein, vemos um corpo vivo, mas que não foi reconhecido, nomeado ou desejado.

Há vida biológica, mas não há inscrição afectiva.

Falta o olhar que diz: “Tu existes para mim.”


Quando uma criança cresce num ambiente marcado pela dureza, crítica, indiferença ou violência emocional, o aparelho psíquico aprende uma regra de sobrevivência:

sentir é perigoso.


Para se proteger, o corpo fecha-se.

As emoções não desaparecem: deslocam-se.

Tornam-se tensão, dor, ansiedade, ou comportamentos de fuga, agressividade ou retração.


No filme, a violência do criador não gera um “monstro” por natureza.

Gera alguém que não aprendeu a ser humano através da relação.


Em contraste, quando a figura feminina se aproxima com delicadeza, gentileza e presença, algo essencial acontece:

o Ser responde ao cuidado.


Isto é educativo:

aprendemos a sentir quando somos sentidos.


Onde há cuidado, a emoção pode ser nomeada.

Onde há segurança, o corpo baixa a defesa e permite o vínculo.


É aqui que surge o sujeito:

quando o corpo deixa de estar apenas em sobrevivência

e passa a poder existir.


Em terapia, trabalhamos exactamente nisso:

restituir ao corpo a possibilidade de sentir-se seguro para sentir.


A cura não está na força, no impacto ou na correcção.

A cura acontece na relação que não agride, não abandona e não invade.


É nesse espaço que a alma regressa ao corpo.

E que a humanidade, enfim, aparece.


Este filme ilustra de forma evidente que a ciência do corpo não pode negar a ciência da alma.

A realidade biológica não explica tudo se não considerarmos a experiência emocional.

Não há vida plena sem afecto, sem vínculo e sem reconhecimento.

A emoção não é um detalhe: é uma condição da própria humanidade.

 
 
 

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